Monday, March 26, 2007

Penso Rápido


Esta publicação, apesar de ter o formato de um livro, não é mais que uma compilação das crónicas do jornalista brasileiro a residir em Portugal, de seu nome Paulo Nogueira.

Estas crónicas, foram primeiramente publicadas no jornal O Independente no princípio dos anos 90, ainda na fase de ouro deste jornal.

Mas a minha escolha recai neste livro porque está escrito de forma bem-humorada ( e porque o mesmo só contém 188 páginas..) e inteligente, aproveitando-se dos temas que faziam a actualidade de então, mas que eram descritos sempre de uma outra perspectiva que não a tradicional.

Há sempre um outro lado, que é questionado de uma forma mais ou menos sarcástica, pertinente, mas sempre com um vasto conhecimento sobre o tema.

Mesmo antes de se começar no texto, saltam logo à atenção os títulos, a começar pelo título do próprio livro. Os títulos das diferentes crónicas são trocadilhos muito semelhantes aos títulos utilizados em notícias de O Independente, desafiando-nos, desde logo, a adivinhar o teor dos temas tratados. A título de exemplo, “Mulheres, há dias”, “A violência é um brutalidade” e “ Haverá vida inteligente na cabeça dos intelectuais?”.

Ao se entrar no livro parece que estamos junto do autor numa amena cavaqueira de um só interlocutor onde ele descreve o assunto, antecipa as nossas dúvidas e dá as respostas. Isto porque a pertinência e o humor com que se colocam os assuntos fazem com que nem consigamos entrar em diálogo, pois apenas nos apetece rir às gargalhadas.

Além disso, é capaz de reunir num só livro uma vastidão de frases feitas sempre bem adequadas ao contexto, por exemplo, «Não se deve bater numa mulher nem com uma flor. Estraga a flor.» (Gabriel Timmory).

Resta-me deixar algumas passagens e algumas frases:

«Compara-se frequentemente o casamento a uma lotaria. É um erro crasso pois na lotaria às vezes pode-se ganhar.» (Bernard Shaw)

«Há algo esquisito no ar - e não é apenas o zeppelin serôdio. Nem as micro-granadas dos pombos, que não matam mas desmoralizam imenso, sobretudo os calvos (e pensar que, segundo a tese da moda, os pombos já foram dinossauros. Duvido. Se os dinossauros tivessem a precisão balística dos pombos, jamais se teriam extinguido).» (Paulo Nogueira)

«Tá bem, tá muito bem, mas devemos ou não chorar o leite derramado? Definitivamente não – sobretudo se o leite já estivesse no frigorifico há mais de cinco meses. Moral da história? A única criatura que tem o direito inalienável de estar de trombas é o Dumbo. E só o defunto é que pode fazer cara de enterro. A menos, naturalmente, que ele tenha morrido a rir.» (Paulo Nogueira)

Agora se quer continuar a ter uma leitura bem disposta, resta-lhe ler as restantes páginas deste livro.

Monday, March 05, 2007

Será o fim das economias de mercado?


O que será o próximo milénio

O início de cada ano é sempre uma altura susceptível de alguma futurologia e aproveitando a ocasião gostaria de lançar uma questão sobre o que será o futuro próximo da economia mundial.


Vejamos o que foram as tendências das economias mundiais nos últimos anos.
Por todo o Mundo leêm-se notícias como “ A marca Coca-Cola anuncia a aquisição do sector de bebidas da Cadbury Schweppes, por cerca de 311 milhões de contos” ou “Também o sector da energia tem apresentado movimentações dignas de registo. Do mesmo modo, a TotalFina realizou com sucesso a sua OPA sobre a Elf Aquitaine por 53.293 milhões de dólares…”., para não falarmos ao nível das empresas de telecomunicações e bancárias que foram as verdadeiras protagonistas ao nível das megafusões. Para não falarmos da nossa realidade entre a Sonae e a PT.
Parecem ter surgido, de repente, como única forma de sobrevivência nos dias de hoje.
Mas recuemos um pouco no tempo e fixemo-nos no princípio dos anos 80.
Por volta desta altura, fruto de questões sócio/económicas e políticas, as denominadas economias comunistas/fechadas começaram a sofrer um grande revés nas suas aspirações e o “muro” veio abaixo.
De economias, onde o monopolismo das empresas estatais era um dado adquirido, originando alguma inércia e por tal a distância para as economias de mercado era cada vez maior. Devido a este panorama, que se traduzia em perda de competitividade e em crises sociais devido aos baixos salários e às precárias condições de trabalho, entre outras questões sócio-económicas, “obrigou” a uma maior abertura destas economias.
Acabaram-se com os monopólios e com as empresas estatais; trocou-se know-how com as outras economias, actualizaram-se conhecimentos e a concorrência torna-se a palavra chave de sucesso.
Passados 20 anos as impressionantes megafusões, parecem querer contrariar o percurso normal após a queda das economias fechadas.
Passou-se de uma economia fechada, dominada por empresas monopolistas para uma economia livre e concorrencial e parece estarmos a voltar para uma economia, onde os oligopólios ou até mesmo, em alguns casos, monopólios surgem.
Naturalmente que existem razões para se verificarem estas fusões (criação de economias de escala por forma a reduzir elevados custos associados a investimentos em novas tecnologias) mas atenção, que muito possivelmente os problemas verificados anteriormente, em situações de monopólio, podem voltar a acontecer. Os milhares de despedimentos previstos podem criar graves problemas sociais e tal como no passado, as fusões, podem provocar ineficiências e perda de competitividade que numa fase terminal terão implicações sobre os clientes.
Cabe agora colocar a questão: Estaremos próximo de chegar ao ponto de partida, em que os governos acabaram com os monopólios em nome da defesa do consumidor?